domingo, 21 de abril de 2013

«Sol à meia-noite», de Rosie Thomas - OPINIÃO




Ficha Técnica

Edição/reimpressão: 2006
Páginas: 382
Editor: Saída de Emergência
ISBN: 9789728839659

Sinopse

ALICE é uma Geóloga pragmática. Mas quando a sua relação com o artista Peter Brown termina de forma súbita, ela é forçada a avaliar a sua própria vida pela primeira vez.
Agora encontra-se a bordo de uma embarcação chilena, enquanto à sua frente se revela uma paisagem inóspita. Após o fim da sua relação, ela aceitou um convite para acompanhar uma expedição ao local mais inóspito da terra: a Antártida.
JAMES ROOKER é um homem sempre em fuga. Deixando mulheres e amores para trás, chegou ao ponto onde não pode fugir para mais longe. Aceitou um trabalho na mesma estação de investigação da Antártida.
Alice descobre um mundo azul e branco, permanentemente iluminado pela luz do sol. Nada a tinha preparado para esta beleza agreste. Muito menos para sentir uma atracção tão forte por um homem. É na Antártida que irá descobrir algo que mudará a sua vida para sempre... se sobreviver.

Opinião

«Sol à meia-noite», de Rosie Thomas, foi um livro que me conquistou aos poucos. Não me senti muito cativada no início, principalmente devido aos vários erros de tradução que são encontrados ao longo do livro. A escrita da autora não é deslumbrante e encontrei  várias expressões e diálogos que na minha opinião não tinham razão de ser, apressados e sem muito sentido. No entanto, a história é boa.
«Sol à meia-noite» trata a história de Alice, uma geóloga que viveu sempre na sombra da mãe, uma grande cientista. Esse facto nunca a afectou verdadeiramente, porque ao contrário da mãe, Alice escolheu uma vida de raízes e de coisas simples que parecem bastar-lhe, até ao dia em que se separa repentinamente de Peter, com quem vivia. A inesperada separação, conjugada com o estado de saúde cada vez mais agravado da mãe, levam-na a aceitar o pedido desta para viajar até à Antártida para a realização de pesquisas científicas, na impossibilidade da própria mãe, Margaret, conseguir fazê-lo. E é na Antártida, no seio daquele mundo branco rodeado de neve e perante um sol à meia-noite deslumbrante, que Alice nunca tinha observado a olho vivo, que as defesas daquela geóloga pragmática e fria se vão desmoronando.
As descrições da Antártida são detalhadas e levam-nos a viajar para aquele espaço branco e frio e a sentir todas as emoções que a equipa destacada para aquela exploração na estação de Kandahar sentia. Tive a sensação de viajar sem sair do mesmo lugar, quase conseguia sentir o gelo nas mãos e o vento frio na cara, e quase consegui ver aquele sol à meia-noite de que Alice tanto falava, onde a escuridão não existia e onde as focas e os pinguins andavam quase de mãos dadas.
Confesso que não senti grande afinidade pela personagem Alice, até ao momento do primeiro acampamento que partilhou com Richard, o chefe da expedição, para mais uma exploração científica das rochas. Foi nesse momento, na solidão isolada daquela tenda, quando Alice descobre um segredo difícil de esconder, que comecei a partilhar os seus medos e as suas alegrias. Alice mostrou-se uma mulher de coragem, decidida a viver até ao fim um sonho que nunca teve, e a proteger aquele segredo e aquele amor como só uma verdadeira mulher poderia fazer.
Gostei do Rokker, o segurança daquela expedição, desde o início. Rokker é um homem frustado por um passado que quase até ao final do livro, não é desvendado por completo. É um homem difícil de controlar, livre como um pássaro, que passa a vida a voar de paragem em paragem, sem nunca se fixar num sítio permanente. Gostei da masculinidade dele e daquela rudeza que ele mostra desde o início, mas gostava que a autora se tivesse focado mais em aprofundar a química entre ele e Alice. Confesso que a dado momento, pensei que seria quase impossível estabelecer-se qualquer ligação entre Alice e Rokker, porque estão sempre bastante distantes e sem grande afinidade. Rokker é um homem fechado e solitário e é Alice quem lhe abre as portas a um novo mundo. Adorei que o tivesse feito. Foi bonito ver aquele homem a abrir-se, a mostrar vulnerabilidades e a mudar por uma mulher.
As personagens secundárias estão todas elas bem construídas e com personalidades vincadas, o que deu à história um bom sumo.
O final é previsível e não é propriamente original, mas é bonito e não o queria de outra forma. É um romance bastante subtil, mas encantador, com paisagens magníficas, que vai aquecer o coração dos mais românticos.

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