sexta-feira, 5 de abril de 2013

A Tua Opinião - Março [RESULTADO]

O tempo passa a correr, e com ele se vai mais um mês, e consequentemente, mais um vencedor da nossa recente rubrica A Tua Opinião(clicar no link para mais info)

Ai ai... Decisão difícil!

Tantas opiniões e tão boas...



Gostaríamos de seleccionar como vencedoras todas as participações, mas infelizmente apenas uma por mês terá esse direito, por isso, após muita dor de cabeça, eis que seleccionamos a opinião do leitor do mês de Março:


"O Pacto - O Crime de Ter Nascido" de Gemma Malley, pela mão da nossa querida amiga Ivonne Zuzarte a.K.a. Ray do blogue Desejos de Alma:


Edição: 2009
Páginas: 288
Editor: Editorial Presença
ISBN: 9789722341646
Coleção: Noites Claras

Sinopse:

Planeta Terra, ano 2140. A ciência oferece aos humanos a possibilidade de se tornarem imortais, mas, dada a escassez de recursos, a imortalidade só é garantida à custa da renúncia à descendência. O Pacto é o compromisso que sela tal decisão. Quebrá-lo é ir contra as leis da Natureza, e as consequências são aterradoras. Anna conhece-as demasiado bem. É uma Excedente, uma criança que não deveria ter nascido. Desde bebé que está em Grange Hall, a instituição que prepara todos os Excedentes para o terrível destino que os espera no mundo exterior. Mas um dia recebe a visita de Peter, um jovem Excedente que vem revolucionar para sempre a sua visão de si própria e do mundo… Uma estreia absolutamente original.

Opinião:

Para começar a opinião, vou dizer que conheci este livro através do blogue Encruzilhadas Literárias, mas sinceramente já não me recordo do que li. Sei que me convenceu e isso foi o suficiente para me cativar e levar a comprar. 


A capa é simples – talvez, demais para o meu gosto, não entendi o tom rosa - mas contém uma borboleta e esse pormenor é-nos explicado a meio da história, do qual fiquei com inveja e roidinha, roidinha... Em relação ao título, gostei bastante e do subtítulo que o sucede também, “O Pacto - O Crime de ter Nascido” faz arrebitar os nossos sensores. O “pacto” é como se fosse um contrato(com o diabo), imaginem um contrato bancário, por exemplo. Só vemos as letras pequenas tarde demais e quando queremos dar a volta por cima, as dívidas são infindáveis, não sabemos onde começam e onde acabam. E mais não digo sobre isso. Quanto à sinopse, quem me lê já sabe que eu não sou um corta e cola, por isso, podem ler em cima, mas… longevidade ou descendência? É suposto ser uma escolha difícil? Compreendo que o seja, mas o que fariam vocês? E volto a chamar a atenção para o contrato-pacto e para as letras pequeninas de que falei há pouco… Uma pessoa pode escolher, tudo bem, mas e se fosse tarde demais?


A sociedade criada pela autora é, como tantas outras em livros do género, estratificada por classes; temos o exemplo dos Legítimos e dos Excedentes, sendo estes os que não deviam ter nascido e cujos pais violaram o Pacto. Creio que a estratificação e o sistema piramidal é um aspecto inevitável ao ser humano e que a autora satirizou. É a tal história de “os pobres ficam mais pobres, os ricos, cada vez mais ricos”. Neste caso, velhos e vivos por um período indeterminado. Quebrar o Pacto é “ir contra as leis da Natureza” e, claro, tem as suas consequências. Mas ninguém sabe muito bem quais, pois nunca ninguém se atreveu a contestar as leis. 


A autora poderia também ter desenvolvido mais o futuro que criou, pois eu sou uma apaixonada por cenários futuristas, principalmente sobre questões políticas – algo pelo qual nem sequer me interesso muito na época actual. Mas, se por um lado, gostaria de ter visto um maior desenvolvimento, por outro, compreendo por que razão a autora não o fez. Não se pode encher um livro com informações acerca de tudo e de todos. Seria mais palha (ou, vá, infodump) que outra coisa, para além de que é um livro com uma temática e uma mensagem específicas. Talvez ainda desenvolva a questão política no segundo volume. Veremos…


Quanto às personagens, gostei do que a autora fez. Criou uma Excedente totalmente submissa, Anna, e um outro completamente o oposto, Peter. Apesar de tudo, ambos têm um segredo… Mrs. Pincent, a directora de Grange Hal – o local onde eles se encontram – é uma personagem que, no final, fiquei sem saber o que dizer. Muitos segredos são revelados e uma pessoa fica indecisa! Não se faz! Não vou dizer que me chocou, mas criei empatia para com as personagens pelo que elas passaram. A violência a que eram submetidas, a privação de alimentos e de sono, os castigos por tudo e por nada… Afinal, os excedentes são um carrapato, são lixo. Calma! Na mente daquela gente, não da minha! 


Ia batendo com a cabeça nas paredes nas primeiras cem páginas. Repetições - todavia, contudo, no entanto - até dizer chega, upa, upa. Digo-vos, de bater com a cabeça nas paredes. Melhorou até ao final, mas de vez em quando lá se via repetições do género… Percebia-se a ideia que a autora queria transmitir, não era necessário de parágrafo em parágrafo colocar as mesmas palavras sem graça. Para além de ser cansativo para o leitor de ler, tirou-me o prazer da leitura porque já sabia o que ali vinha e estava sempre à espera de encontrar as palavras que me faziam revirar os olhos. Todavia, não era um encontro desejado.  


No final, como disse há pouco, muitos segredos são revelados, alguns parcialmente e que ficam para resolver no segundo volume, nem tudo corre como esperado, mas foi um bom final. Gostei e fiquei com vontade de ler o segundo a seguir. 


É um livro que, pelo seu género, é mais virado para um público jovem. Contudo, penso que pode ser uma leitura destinada a todas as pessoas. Afinal… Gemma Malley imaginou um futuro – um futuro possível, muito realista! Quem nos diz a nós que amanhã não será inventada uma fórmula que nos permitirá viver mais tempo? Eu acho fascinante pensar nisto… O que fariam vocês? Tinham filhos ou…?


Obrigada Ivonne pela participação!

Aos restantes, não se esqueçam de continuar a participar, para, tal como a Carina e a Ivonne, se habilitarem ao prémio literário!

Entretanto, para lhe mostrar o nosso apreço, a Ivonne irá receber em casa um miminho do Leitura Não Ocupa Espaço, que mais tarde revelaremos qual é aqui no blogue ;)

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