quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"Uma Menina de Boas Famílias" de Elizabeth Edmondson


Edição/reimpressão: 2011
Páginas: 560
Editor: Edições Asa
ISBN: 9789892316390


Sinopse:

"Em 1932, três amigas vão estudar para Oxford: Verity, filha de um pastor anglicano; Lady claudia, uma jovem aristocrara; e Lally, filha de um senador.
Vee, uma impetuosa maria-rapaz, planeia usar a sua liberdade para corrigir tudo o que falhou na sua infância desprovida de amor. O seu fascínio pelo jovem Alfred abre-lhe as portas das misteriosas sociedades secretas e irá conduzi-la a uma imprevisível carreira como agente secreta.  Claudia é resplandecente e intensa, e sente-se invulgarmente atraída por um misterioso grupo, ou melhor, por um dos seus membros em particular: o sofisticado John Petrus. É sob a sua influência que viaja para a Alemanha e se deixa enredar nos meandros do fascismo. Entre duas personalidades tão fortes, Lally, a americana glamorosa, tenta manter viva a chama da amizade mas, na verdade, está céptica e preocupada com as opções e crenças extremas das suas amigas. Mas o assustador ano de 1938 traz consigo a desilusão e Vee decide partir para a Índia. Uma decisão tempestuosa, ensombrada pelo perigo e pelo receio da guerra. Uma viagem que mudará para sempre a sua vida e das suas amigas"

Opinião:

Agora entendo o porquê de Elizabeth Edmondson fazer sucesso pelo mundo fora com os seus romances, pois após a leitura de "Uma Menina de Boas Famílias", posso apelidá-los de geniais!
A trama ocupa o espaço temporal de 1932 a 1938, um período pré-Segunda Guerra Mundial, sendo este um motivo de enganos, traições e tragédias nesta fascinante estória.
A acção foca-se em três distintas amigas: Verity, conhecida como Vee, filha de um deão e prima de um conde; Lady Claudia, irmã do dito conde, por isso prima de Vee; e por fim, Lally, uma americana chegada a Inglaterra que, acidentalmente se cruza com as duas primas, criando laços de amizade para toda a vida.
Numa época em que as mulheres lutavam ela sua emancipação, Vee, Claudia e Lally ingressam na vida académica, frequentando uma faculdade feminina em Oxford.
É nestes curtos anos de universidade que se formam amizades, muito graças a Hugh, irmão de Vee e também ele frequentador de Oxford, mas na faculdade masculina.
Vee, sendo a personagem mais interveniente da trama, e pelos olhos da qual ficamos a conhecer a sociedade da época, é uma jovem campónia e inocente que se apaixona pela causa comunista, candidatando-se ao respectivo partido a pedido do seu querido e amado Alfred, acabando por engrenar por caminhos perigosos que a levaram a sacrificar o corpo e vender a alma ao Diabo para sobreviver e, levar as suas ideologia avante.
Casa-se com Giles, o ex-amante de Hugh, que continua apaixonado pelo irmão de Vee até ao seu último fôlego, mas que por questões políticas necessita de um casamento de fachada, propondo a Vee o casamento. Sendo uma proposta vantajosa para Moscovo, Vee aceita, mas acaba por se arrepender facilmente.
Lally, embora alvo da paixão do jovem Joel, casa com um militar viúvo, Mr. Messenger, de uma tradicional e antiga família inglesa, desafiando a sua própria família. Cuida de Peter, o seu enteado, como se fosse seu filho, o que causa mau estar no seio matrimonial, fraqueza essa explorada por Moscovo, de forma brutal e que atormentará Vee para sempre.
Claudia não casará, pois vive na esperança que Petrus, o seu amante, lhe faça a proposta e a torne sua, ignorando o homem perigoso que Petrus é, e o que se passou entre o mesmo e Vee nos tempos de faculdade.
Vee, a mais modesta e discreta, acaba por ser o elo de ligação entre todos, de formas bizarras e doentias, reflectindo-se na sua personalidade e sanidade mental, levando-a a uma vida de ebriedade, escapando às más memórias com o abuso do álcool. Até que, em 1938, Alfred reaparece, agora um homem maduro e consciente do sofrimento da sua querida Vee, e lhe propõe um escape.
Confesso que as primeiras 100 páginas do livro foram confusas e melancólicas, muito devido a todos os nomes, alcunhas e títulos das personagens, sendo difícil distinguir as mesmas, mas após esse período inicial foi-me impossível parar a leitura!
A narrativa tornou-se ritmada e fluída, e acima de tudo, extremamente cativante.
Edmondson consegue embrenhar o leitor na estória, envolvendo-nos de tal forma, que nos vemos a debater-nos internamente com determinadas personagens pelas suas opiniões controversas, machistas ou até mesmo fascistas.
Numa altura em que a mulher é menosprezada e os conceitos políticos extremistas estão à tona, a acção torna-se interessante e despoleta emoções e frustrações no leitor, o que nos mantém prisioneiros do livro até à última página.
Uma escrita genial, de uma mente brilhante, para leitores ávidos.
"Uma Menina de Boas Famílias" é uma leitura intensa, polémica e provocante, que dá o que falar, extasiando o leitor com uma estória magnífica!

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