quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

"O Monte dos Vendavais" de Emily Bronte



Páginas: 320
Editor: Edições Book.it


Sinopse:

"O Monte dos Vendavais" é uma das grandes obras-primas da literatura inglesa. Único romance escrito por Emily Brontë, é a narrativa poderosa e tragicamente bela da paixão de Heathcliff e Catherine Earnshaw, de um amor tempestuoso e quase demoníaco que acabará por afectar as vidas de todos aqueles que os rodeiam como uma maldição. Adoptado em criança pelo patriarca da família Earnshaw, o senhor do Monte dos Vendavais, Heathcliff é ostracizado por Hindley, o filho legítimo, e levado a acreditar que Catherine, a irmã dele, não corresponde à intensidade dos seus sentimentos. Abandona assim o Monte dos Vendavais para regressar anos mais tarde disposto a levar a cabo a mais tenebrosa vingança. Magistral na construção da trama narrativa, na singularidade e força das personagens, na grandeza poética da sua visão, nodoso e agreste como a raiz da urze que cobre as charnecas de Yorkshire, "O Monte dos Vendavais" reveste-se da intemporalidade inerente à grande literatura."

Opinião:

Um clássico da literatura que há muito cobiçava, e filho único de Emily, uma das geniais irmãs Bronte.
"O Monte dos Vendavais", trama com acção localizada na Inglaterra da primeira metade do século XIX, é uma obra tão perversamente perturbadora como apaixonante.
Emily Bronte distingue-se como um ícone internacional da literatura com a sua escrita vibrante e mentalidade vanguardista, que se revela através de um engenhoso e bem pensado desenvolvimento, criando personagens intrigantes, e tão complexamente loucas como geniais, dignas, apenas, da imaginação de uma grande escritora.
"O Monte dos Vendavais" é tudo menos uma leitura leve, com muito drama, tragédia e loucura que marca estas três famílias: Earnshaw, Lincon e Heathcliff.
Compreendo o porquê desta obra ter sido "mal digerida" pela crítica inglesa da altura, pois abordando tabu como o racismo, a insanidade mental e a violência, Emily Bronte chocou a sociedade sigilosa e passiva do século XIX.
A autora cativa-nos desde a primeira página graças à excelente narração de Nelly, a criada, que nos revela o passado, presente e futuro de todos os que passaram pelo Monte.
Uma alma abandonada que é acolhida por um bom homem, tornando-se em alguém em busca de vingança após a morte do seu grande e único amor, vivendo dezoito longos anos na esperança de a voltar a ver, iludindo-se ao ponto de morrer de loucura, acabando os seus dias de forma deveras macabra tal como retrata a nossa pobre Nelly ao mais recente inquilino da Granja, e perseguidor incansável das estórias que advêm da casa do Monte dos Vendavais.
Mas, como poucos foram os que escaparam à insanidade única transmitida pelo lugar, Mr. Lockwood, o inquilino, acaba por deixar prevalecer a vontade de se distanciar do local, embora nunca deixando de parte a sua curiosidade, apenas moderando-a de forma saudável
Este livro é uma terrível e trágica estória de amor que não acaba bem e que atormente os seus participantes até ao último suspiro.
A violência, tanto física como verbal, é também uma constante nesta brilhante obra, na qual Emily Bronte nos descreve um recorrente ambiente de ostracismo, causado pela humilhação da "mão mais forte", e onde a vítima, pode amar o agressor, através da pena ou do simples laço de comodismo e hábito, assim como devido ao desconhecimento de outras formas de viver, tal o caso do jovem Hareton Earnshaw em relação de Heathcliff.
Por outro lado, temos também a dedicação e humanidade presentes nos apaixonados e devotos Edgar Lincon e Hindley Earnshaw, que  embora detentores de caracteres bem distintos, não são mais do que seguidores e veneradores das respectivas esposas,Catherine Earnshaw e Frances ,acabando por perecerem após as mortes das mesmas. 
Só que, enquanto Hindley sempre se mostrara revoltado contra Hareton, seu filho e da amada e falecida esposa, Lincon tinha em Catherine Lincon, sua filha, a inspiração da sua vida, nunca descurando da menina.
Catherine Lincon, que embora nada parecida com a sua mãe, despoleta em Heathcliff um sentimento de vingança que se concretiza na maquinação de um bem estudado e perverso plano, que tem como fim desgraças tudo e todos, que aos olhos do renegado cigano Heathcliff, levaram à morte da sua bela e altiva Catherine Earnshaw, a sua alma gémea e à qual se pretende reunir desde o momento em que a perde até à sua morte com um diabólico sorriso na cara.
Orgulho, maldade, loucura, determinação, vingança, engano, violência são algumas das características deste clássico literário.
Não recomendo ao leitor mais susceptível, apenas a almas e intelectos fortes.
"O Monte dos Vendavais" divide a opinião dos seus leitores, havendo quem ama e quem odeia, quem encoraja e quem reprova. 
Uma obra complexa e que poderá não agradar a todos, mas que, pelos menos a mim, fascinou de forma que jamais pensei, aprisionando-me nas suas teias de emoções.
Sem dúvida uma das melhores leituras de sempre!
  

1 comentário:

  1. Concordo quando diz que é uma obra forte e que divide as opiniões de quem a lê.
    Este livro foi-me oferecido e eu já algum tempo que estava curiosa para o ler. No entanto, não esperava uma escrita tão crua, violenta e forte. Acabei por parar com a leitura pois senti-me mesmo como se tivesse sido "abanada" por dentro. Ao mesmo tempo que a história me interessava, as personagens irritavam-me.
    Mas, recentemente, vi o filme (de 1992) baseado na obra e adorei. Confesso que fiquei apaixonada pelo que vi. Agora estou novamente a ponderar em retomar a leitura do livro. :)

    Beijinhos*

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